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(Des)Construção da personalidade

A formação do homem, a influência dos sentimentos, e o surgimento da personalidade, são questionamentos que não cessaram desde a época dos grandes filósofos até os dias atuais, sendo recorrentes não apenas na literatura e filosofia, mas também no cinema e no teatro. É dentro dessa perspectiva que as obras “O homem de dentro” de Caio Andrade[1] e “Inside Out – Divertida Mente” de Pete Docter[2] e Ronaldo Del Carmen[3], são desenvolvidas e trazidas ao universo das artes cênicas e da cinematografia



"Eu tenho medo de esquecer como é importante essa casa para mim. Lá fora é diferente! Do lado de fora tenho até vergonha de dizer que frequento a minha casa. Tudo tentando me convercer que eu não preciso voltar pra casa! Lá fora eu não fico a vontade nem para chorar. Quando eu estou lá fora parece que meu tempo diminui e eu fico sem tempo para voltar pra casa. Se conhecer não mata a fome. Aqui de dentro tudo de fora parece pequeno e do lado de fora essa casa parece menor ainda, ela muitas vezes nem existe. O que é mais importante, arrumar aqui dentro ou construir lá fora?"


Publicado no ano 2000, a peça, O homem de dentro, revela o interior do personagem EU, trazendo à tona os diversos sentimentos que habitam e passam por sua casa. Caio Andrade nos faz um convite a desvendar o que ocorre dentro de nós, principalmente quando uma situação inesperada surge em nosso dia-a-dia, e como isso acaba por bagunçar a casa que cada um possui em si no momento em que não sabemos lidar com as ocasiões e com os sentimentos. O homem de dentro nos lembra nossos próprias alegrias, tristezas e aflições, o interior de cada indivíduo é repleto de pensamentos misturados e despertos.


Na peça, a SAUDADE de alguém que o deixou faz com que a FELICIDADE passe por ele sem que a possa notar, não a enxergando, nem mesmo ouvindo; A RAIVA e a ANGÚSTIA tomam conta dos problemas, a INSEGURANÇA não o deixa fazer suas escolhas, nem mesmo a FÉ o ajuda nessa ocasião. A ESPERANÇA começa a morrer, surge o MEDO e a DEPRESSÃO, esse conjunto de sensações transpõe um universo vasto e incrível, cujas vertentes são imensas, tanto no âmbito da construção da mente e da personalidade, quanto em sua destruição e desconstrução.

“Não me falta coragem de ser um perdedor Até perco por várias vezes a ordem dos meus sonhos Mas não perco o meu dom de achar novas possibilidades

Às vezes perco perguntas nas respostas E acho pequenos medos nos meus diálogos com o mundo Mas nunca me despeço das minhas intenções

A minha vida e a derrota dos meus medos Sou durante todo dia um intenso impulso Ferido e curado pela minha ignorante e brilhante coragem de sonhar

Me encharco e me torço Afogando e secando Dormindo e vibrando Apanhando e acreditando.”

Não muito distante do universo dos sentimentos e sensações, o Filme Divertida Mente feito com a parceria Disney e Pixar, foi lançado em Junho de 2015 com um enfoque para o público infantil, mas que acabou encantando jovens e adultos por seu roteiro divertido e ao mesmo tempo emocionante. A animação foi muito bem aceita e aplaudida inclusive no Festival de Cannes.


O roteiro gira em torno de Riley, uma garota de 11 anos, sua personalidade é construída por uma série de “ilhas” que aparecem de acordo com suas memórias de longo e curto prazo. Sua reações e ações são determinadas pelos seus sentimentos (Nojinho, Raiva, Alegria, Tristeza, Medo), que a transmitem cada sensação através de um painel de controle. A mudança da cidade em que Riley vive faz com que tudo aquilo que a menina conhecia, convivia e amava fosse tomado dela, para uma criança a mudança de local acaba por causar uma grande reviravolta.


Acreditando ser o sentimento mais importante para a construção da personalidade e memórias de Riley, a Alegria faz de tudo para que seja o sentimento predominante, no entanto, após alguns acidentes e uma longa jornada, a Alegria descobre que são os sentimentos em conjunto que fazem da garota a pessoa que ela é, e que integram a personalidade da criança que possui um grande coração e muita determinação.

Referências:

[1] Dramaturgo e diretor de teatro brasileiro, nascido em Lorena – SP. Participou do projeto de

teledramaturgia em Buenos Aires para a produção brasileira da novela Chiquititas.


[2] Cineasta norte-americano nascido em Minnessota, 1968. Conhecido pelo sucesso nos estúdios

da pixar em Monstros S.A., Toy Story e Vida de Inseto.


[3] Diretor, desenhista e animador Filipino residente nos Estados Unidos, nascido em 1959.

Conhecido pela sua grande participação no filme Up , WALL.E e Ratatouille.


Bibliografia:

ANDRADE, Caio. O homem de dentro. São Paulo: Abalone, 2000. 139 p.

Inside Out. Direção: Pete Docter. Produção: Ronaldo Del Carmen; Jonas Rivera Intérpretes: Amy Poehler; Bill Hader; Mindy Kalling; Lewis Black; Phyllis Smith; Diane Lane Kyle MacLachlan; Richard Kind. Roteiro: Pete Docter; Meg LeFauve; Josh Cooley Música: Michael Giacchino. Walt Disney Pictures, Pixar Animation Studios c2015. (94MIN), Color.


https://es.wikipedia.org/wiki/Ronnie_Del_Carmen

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pete_Docter

https://pt.wikipedia.org/wiki/Caio_de_Andrade

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-196960/

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