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Edgar Degas e Édouard Manet: A beleza do efêmero, eternizada na arte.

“A cor é a música dos olhos”, observou Goethe. Essa frase reflete, com delicadeza, o que a arte prova.

O MASP recebe durante o período de 07 de julho a 25 de outubro a exposição “Arte da França: de Delacroix à Cézanne”, esta atravessa quase 200 anos de produção artística, onde estão incluídas obras do movimento impressionista, de pintores como Édouard Manet e Edgar Degas.


Edgar Degas e Manet eram grandes amigos, amizade que surgiu no Louvre, onde frequentavam constantemente. Manet, desde a infância, era levado pelo seu tio e desenvolveu seu fascínio pela arte; Degas estudava no Louvre e tinha deslumbramento pelos mestres italianos. Ambos de famílias abastadas de Paris (o pai de Degas era banqueiro, e os avós de Manet diplomatas), eram frequentadores assíduos da boêmia parisiense, cafés, prostíbulos, aulas de dança (eis que surge a obsessão de Degas pelas bailarinas) e ambos, também, não foram alunos brilhantes na escola, eram ousados, queriam chocar, desejavam simplesmente o ser livre.

Edgar Degas pintou, esculpiu, fez desenho, sempre foi obcecado pelo movimento. Transformou uma das salas da mansão dos seus pais em um ateliê, foi, também, com o apoio do pai que Degas desistiu da faculdade de Direito para dedicar-se tão somente à arte.

Manet queria ser marinheiro, contrariando seus pais que queriam que o filho fizesse Direito, de tanto insistir, seu pai acabou o obrigando a ter essa experiência para ele ver, com seus próprios olhos que, a vida de marinheiro não era tão fácil assim. Fez então uma viagem à América, ficou fascinado pelo Rio de Janeiro, se apaixonou pelo Brasil, pelo exotismo, a luminosidade e criou repulsa ao escravagismo.

Manet foi autor de uma das obras que mais causou polemica no século XIX, o célebre quadro “Almoço na relva”, que se encontra no Musée D’Orsay, em Paris. Chocou pela nudez, representava dois homens vestidos e uma mulher nua, a juventude parisiense viu naquilo uma coisa muito nova, muito moderna.

Já Degas, sempre teve grande interesse pela figura das bailarinas, pesquisava o espaço, movimento e explorou o mundo feminino parisiense, fez também esculturas, feitas em cera (o que já era motivo de polêmica, já que era o material usado em pesquisas cientificas; O MASP tem a sorte de possuir no seu acervo permanente uma das suas obras que, foram fundidas postumamente). As pinturas de Edgar Degas dão a impressão de que a imagem foi observada pela fechadura de uma porta.


O quadro “As quatro bailarinas em cena” é uma das obras que a exposição que está no MASP recebe, a pintura bastante forte, na qual, Degas utiliza claramente do movimento, foi resultado de uma profunda pesquisa nas escolhas de sua composição, o espaço foi delineado por três troncos de árvore; se abstraímos o rosto da bailarina de rosa (a bailarina central) podemos ver um coque ou um rosto e a sombra da mão do corpo que gira; a de traz tem um movimento que repetitivo das mãos (ao fundo, lado direito do quadro), técnica que seria muito usada depois nas histórias em quadrinhos; a mão na cintura como se fosse começar o movimento do rodopio na bailarina da esquerda e por fim, a bailarina decapitada de azul, nos vestidos, Degas utiliza do recurso fotográfico.

Esse interesse que eles tinham do moderno para aquela época, fugiam do teórico, iam para um sonho, tinham a liberdade das pinceladas, um olhar sobre a efemeridade, foi o impressionismo que influenciou a vanguarda.


Os museus têm essa grande qualidade de nos permitir sair, espiritualizar um pouco nossas vidas, nossas dificuldades cotidianas, é a cultura que pavimenta a estrada que o homem percorre para se conhecer. É a liberdade do ilimitado, quando ouvimos o poema, escutamos a música dos artistas e sentimos a sedução das cores dos pintores, provoca-se então, na alma o que a primavera faz com as flores.


“Somos feitos da mesma matéria dos nossos sonhos”, já afirmava Shakespeare.

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